domingo, 13 de junho de 2010

Vestigios


Moldamo-nos às vontades próprias e aos danos alheios, vamos erguendo barreiras que nos endurecem e nos transformam. Colhemos pedaços dos lugares onde vivemos e das pessoas que nos marcam e fazemos de nós próprios uma mistura de experiências e de cores que nos vão dando forma. Percebemos que, uma vez que nos transformamos naquilo que sempre quisemos, não estamos dispostos a voltar atrás, que nos aprendemos a erguer ao longo do caminho e a abraçar as dores como lições de vida e as cabeçadas na parede como acidentes necessários ao nosso crescimento constante. Tornamo-nos mais nós num emaranhado de vestígios e de estilhaços, de todos os bocados de gentes e brilhos que nos rodeiam e nos ficam guardados por dentro.










'Quando de repente num segundo
qualquer coisa me vira do avesso
e desfaz cada certeza do meu mundo'

Quando (já nada é intacto) - Mafalda Veiga




No final de tudo o que nos define não são os erros que cometemos mas a maneira como os corrigimos ou mudamos com eles.